PRECONCEITO LINGUÍSTICO
Linha teórica: 📘 Sociolinguística crítica / Educação linguística / Direitos linguísticos
Definição conceitual
Preconceito linguístico é
a discriminação contra pessoas ou grupos com base nas formas de linguagem
que utilizam, especialmente quando essas formas se afastam da norma-padrão
culta da língua.
Esse tipo de preconceito ocorre
quando se julga um falante como “errado”, “inferior” ou “sem instrução” apenas
por utilizar variedades linguísticas populares, regionais, orais ou não
normatizadas.
O preconceito linguístico não
é apenas um erro de julgamento gramatical, mas uma forma de discriminação
social, pois reflete e reforça desigualdades históricas baseadas em classe,
raça, região, escolarização ou origem geográfica.
Principais formas de preconceito linguístico
Tipo |
Característica |
Exemplo |
Regional |
Discriminação contra sotaques ou formas regionais |
“Nordestino fala errado” |
Popular |
Rejeição de estruturas da oralidade cotidiana |
“Os menino foi.” → julgado como erro absoluto |
Escolar |
Desqualificação de alunos com base em sua fala |
“Seu texto está todo errado, você não sabe português.” |
Étnico-social |
Julgamento da fala de comunidades negras ou indígenas |
Ridicularização de línguas ou dialetos minoritários |
Digital |
Reprovação da escrita em ambientes informais |
“Vc” e “blz” vistos como analfabetismo, não como
adequação ao meio |
Exemplo funcional
Um aluno escreve na redação: “Os menino brincava no
quintal.”
→ Em vez de dizer que está
“errado”, é preciso explicar que essa forma pertence a uma variedade popular
legítima, mas que, no contexto da redação formal, espera-se o uso da norma-padrão:
“Os meninos brincavam...”.
Contraexemplo (erro comum)
Afirmar que “quem fala errado é
porque é ignorante” ou que “a escola deve corrigir a forma de falar das
pessoas”.
→ Isso é preconceito
linguístico e reforça desigualdades. O papel da escola é ensinar a
norma-padrão sem desvalorizar as demais formas de falar.
Relação com a experiência do aluno
Compreender o preconceito
linguístico permite ao aluno:
- Valorizar sua identidade linguística e a de sua
comunidade;
- Entender que a variedade popular não é erro, mas
forma legítima de expressão;
- Aprender a norma-padrão como ampliação de repertório,
e não substituição de sua fala;
- Posicionar-se contra formas de exclusão e
estigmatização por linguagem;
- Refletir criticamente sobre os usos da língua
como instrumento de poder social.
Comparações conceituais
Termo relacionado |
Diferença |
Variação linguística |
Refere-se aos diferentes usos da língua; o preconceito surge quando
se julga essas variações como erradas |
Norma-padrão |
Conjunto de regras usadas em contextos formais; o preconceito
acontece quando se a considera superior ou única |
Adequação linguística |
Adaptar a linguagem ao contexto; reconhecer a variedade usada como
legítima é o primeiro passo contra o preconceito |
Verbetes relacionados:
[📘 variação linguística] ·
[📘 norma-padrão] · [📘
adequação linguística] · [📘 oralidade] · [📘
letramento] · [📘 ensino da língua]